Medicamentos e bruxismo – qual sua relação?
* Profª. Drª. Melina Miotto Copatto é mestre e especialista em prótese dentária, tem habilitação em laserterapia e toxina botulínica e é membro efetivo da Mazzter Odontolearning
Começaremos essa conversa entendo o que é bruxismo. O bruxismo é um hábito parafuncional, ou seja, fora da função normal da cavidade oral, que pode ocorrer quando dormimos (bruxismo do sono) ou em vigília (bruxismo diurno). Ambos são hábitos involuntários ou semivoluntários nos quais ocorrem o ranger e/ou apertar de dentes. Várias hipóteses são consideradas como causas desse hábito entre eles: fatores morfológicos, psicológicos, modulação de neurotransmissores.
O bruxismo pode prejudicar muito a saúde bucal e geral da pessoa, causando fraturas dentárias, de próteses dentárias e restaurações, dores articulares, musculares, cefaleias entre outros. Esse contato dentário excessivo não é fisiológico. Pela nossa natureza, os dentes não devem se tocar.
Quando estamos em repouso, nossos dentes ficam afastados e quando nos alimentamos, é o bolo alimentar que está entre os dentes, ou seja, em nenhum momento ocorre o contato dentário a não ser por motivo de uma desordem como o bruxismo.
E os fármacos? Onde se encaixam no nossa conversa? Os medicamentos completam qualquer tratamento e têm a missão de melhorar a saúde de um modo geral. Muitos podem alterar o paladar, entre outros problemas. Na literatura médica, o uso de medicamentos está conectado à maior incidência de bruxismo e, em especial, os antidepressivos, inibidores da receptação e serotonina (neurotransmissor que regula o humor) além de outros efeitos como a sensação de boca seca.
O uso de antidepressivos disparou em todo o mundo na última década, de acordo com a Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica, levantando preocupações entre os médicos quanto à forma e frequência com a qual os comprimidos são prescritos. Os números mostram que, em alguns países, um em cada dez adultos é aconselhado a tomar antidepressivos.
A crise financeira e conflitos emocionais podem ser um dos fatores para o aumento mais recente do uso desses medicamentos.
Dentre as substâncias que surtem essa reação estão a paroxetina, fluoxetina, sertralina, citalopran, dentre outras.
Embora esses medicamentos tenham esse efeito colateral, o cirurgião-dentista não pode suspender o tratamento. É necessário que, quando diagnosticado o bruxismo decorrente do medicamento, o dentista alerte o paciente e comunique ao médico para que seja analisada a viabilidade da troca da classe do medicamento. Em alguns casos, a troca do medicamento não é possível e cabe a nós, profissionais odontólogos, tratar as causas e utilizar recursos para minimizar as consequências do bruxismo.
Esse tratamento consiste na confecção de placa estabilizadora em resina acrílica a fim de evitar danos dentários, musculares e articulares e a ajuda do médico, que pode incluir, junto no seu protocolo de tratamento, a associação de outro fármaco, por exemplo. a busirona, que anula a reação adversa, sem perder o poder do antidepressivo.
Ficou com alguma dúvida ainda? Consulte seu dentista, ele poderá lhe ajudar!!!