Traumatismos Dentários na infância e adolescência
Importância do atendimento multidisciplinar Traumatismos Dentários na infância e adolescência – Importância do atendimento multidisciplinar
* Carmen Pardo Buck
Com o crescente aumento de atividades esportivas, esportes radicais praticados por ambos os sexos, acidentes no trânsito e infelizmente com o assustador número de violência doméstica, os casos de traumatismos dentários aumentaram consideravelmente.
Cada vez mais frequente é a ocorrência dos traumatismos dentários em crianças e adolescentes, e o primeiro atendimento ao paciente, a conduta correta frente ao trauma e a agilidade para encaminhar o caso ao especialista, são de extrema importância para o prognóstico.
Um atendimento multidisciplinar será imprescindível para o sucesso do caso. O cirurgião buco maxilo, que geralmente é o primeiro contato do paciente traumatizado, deve contatar o mais breve possível um endodontista para avaliação dos dentes permanentes traumatizados ou o odontopediatra nos casos dos dentes afetados serem os decíduos. Em um atendimento multidisciplinar o clínico, o protesista, o periodontista e o ortodontista também terão papel fundamental no restabelecimento da função e estética do paciente.
Nos casos das perdas dentais, o implantodontista poderá resolver no futuro desse jovem, desde que bem indicado, boa parte do problema.
A perda de um elemento dental após o traumatismo pode acarretar dificuldades de convívio social, baixa autoestima das crianças e jovens e até problemas de relacionamentos futuros.
A negligência em relação ao tratamento odontológico após o traumatismo dentário pode ter como consequência alteração de cor, calcificações dos canais radiculares, necrose pulpar, mobilidade, alteração de posição na arcada dentária, sintomatologia dolorosa, sensibilidade, reabsorções radiculares ou óssea, e perda do elemento dental.
Uma das piores sequelas que podem ocorrer após um traumatismo dentário são as reabsorções!
Ao avaliarmos uma radiografia onde há imagens sugestivas de reabsorções devemos analisar com cautela qual a real causa e se está mesmo relacionada a traumatismos recentes ou antigos.
Várias são as possíveis causas das reabsorções dentárias e elas podem ser classificadas de acordo com o fator estimulador:
– Anquilose e traumatismo; doença periodontal; pressão ortodôntica; dentes impactados; tumores; clareamento dental; infecção pulpar.
Um diagnóstico precoce e tratamento imediato, quando indicado, apresenta os melhores resultados na prevenção das reabsorções dentárias.
Nas imagens, exemplificamos dentes que sofreram grave traumatismo, no caso avulsão, e depois de reimplantados iniciou-se um processo de reabsorção por substituição, onde a raiz do dente é substituída por osso.
A reabsorção radicular se dá pela colonização de células multinucleadas denominadas de osteoclastos que eliminam os tecidos mineralizados dos dentes.
A reabsorção radicular externa pode ocorrer em qualquer superfície do dente, tendo maior prevalência na porção apical.
Radiograficamente, há uma diminuição do tamanho da raiz, e dependendo da gravidade pode ocorrer a perda do elemento dental.
Todo dente que sofreu traumatismo dentário deve ter acompanhamento clínico e radiográfico por longo período de tempo!
Portanto:
1 – Se você bateu a boca e sofreu algum dano em seu dente, mesmo se já faz muito tempo ou aparentemente não tenha sido tão grave, procure um endodontista especializado em traumatismos para fazer uma avaliação;
2 – Colega dentista, encaminhe seu paciente para uma avaliação e acompanhamento com um endodontista e realize um trabalho multidisciplinar para tentar prevenir as indesejáveis sequelas pós traumáticas.
Estamos à disposição para maiores esclarecimentos a respeito das reabsorções e também no atendimento aos pacientes que sofreram traumas dentais recentes ou antigos. Teremos o maior prazer em trabalharmos juntos em prol da saúde bucal de seus pacientes.
Artigo complementar no site da APCD Piracicaba ou se preferir solicite-nos por e-mail
odontologiapardobuck@gmail.com.
* Carmen Pardo Buck é professora de endodontia da APCD Piracicaba, mestre em endodontia na área de traumatismos dentários e membro da Sociedade Brasileira de Traumatologia Dentária (SBTD)