Professor Dalton Belmudes de Toledo lança livro sobre suas esculturas

Professor Dalton Belmudes de Toledo lança livro sobre suas esculturas


* Floripes Maria D’Ávilla de Moraes (cirurgiã-dentista)

Dalton Belmudes de Toledo está lançando um livro no qual descreve o processo pelo qual sua vida transformou-se por meio da cerâmica. O texto, permeado de inúmeras fotos de muitas das suas obras, torna-se um documento importante para o registro das artes na cidade.

Dalton foi um cirurgião-dentista e professor universitário que exerceu dignamente a odontologia, destacando-se pelo trabalho impecável, numa profissão já tradicional em sua família. Depois da sua aposentadoria, o futuro artista percorreu um caminho cinzento de desânimo e desinteresse pela vida. Alguns problemas de saúde geraram maior indiferença e tédio diante do dia a dia que não oferecia maiores atrativos. Por intermédio de Silmara Watari, seu primeiro contato com a cerâmica, sua vida começou a mudar. Depois de freqüentar durante dois anos o ateliê da internacional artista em Barão Geraldo, seu entusiasmo por essa arte com obras tão belas quanto diversificadas veio num crescendo. Viajou para a Europa para beber da fonte dos museus de grandes ceramistas. E conheceu os locais de trabalho de renomados artistas como Madola (Maria Angel Laplana), em Barcelona, e de Claudio Casanovas, considerado um dos maiores mestres da cerâmica do mundo, devidamente protegido pelos Pirineus em sua casa de Riudaura, nas profundezas da Catalunha.

E no devido tempo, nem antes nem depois do preconizado pelas musas, surgiu o artista plástico, que ao descobrir a cerâmica, voltou a sorrir com uma energia mobilizadora carregada pela vontade de criar.
O poder de fazer mágicas com a argila deu a ele um sopro de alento, afastando-o das cinzas da inércia. E como Fênix ele alçou vôo por meio da arte.

Quando se chega à idade dele com tal vigor e “joie de vivre”, o aparecimento de um admirador de seu trabalho, uma fresca manhã de sol ou mesmo uma chuva inesperada, tudo é saboreado gota a gota nesse modo de viver minimalista que adotou. Uma frase modesta do artista tenta resumir o seu trabalho: “Faço cerâmica porque ela me ajuda a não me aposentar da vida.” Mas ele faz mais: escondido na província, numa bela e original casa, projetada pelo ímpar arquiteto Joaquim Guedes, Dalton extrai incansavelmente do barro as formas que vão definir a sua cerâmica decorativa. Sem concessões ou modismos, sua arte é sóbria e original, nem sempre digestiva, não agradando a gregos, mas apenas a troianos sensíveis. E a morada da rua Samuel Neves e a obra do artista se fundem com harmonia e graça, enquanto a inspiração e as mãos na argila permeiam o seu cotidiano criando belas e originalíssimas peças que enriquecem o acervo das artes plásticas da cidade de Piracicaba.

“Cerâmica”, de Dalton Belmudes de Toledo, terá renda revertida em benefício do Centro de Reabilitação Piracicaba e da Avistar, que atende os cegos.  O lançamento ocorreu no Instituto Martha Watts no dia 15 de dezembro de 2008.