Assis Valente – protético, músico e suicida
“Já faz tempo que eu pedi, mas o meu Papai Noel não vem; com certeza já morreu ou então felicidade é brinquedo que não tem”. Letra conhecida há décadas e há algum tempo reinterpretada nas festas de final de ano por um compositor popular ou um grupo de pagode. “Boas Festas” atravessou gerações e deixou famoso o seu autor, Assis Valente. O que poucos sabem é que Assis foi protético, atuando no Rio de Janeiro, considerado um profissional de mão cheia.
É dele também “Cai, cai balão”, entoada nas festas juninas e “Boneca de Pano”, sucesso nos anos 1930 na voz de Carmen Miranda. O sucesso, a habilidade manual e os influentes amigos do samba carioca não o satisfizeram, lançando-o a incansáveis tentativas de suicídio. Foi o primeiro a pular do Corcovado para tentar se matar. Apenas se feriu. Colocou um fim à vida bebendo formicida sentado numa praça pública carioca. Alegou que não aguentava mais as dívidas assumidas. Viveu de 1911 a 1953. Armando Alvarenga, dentista e professor dizia que “fazer dentaduras, coisas industrial e prosaica, para Assis era arte, pois ele era um perfeccionista”.