Antonio Oswaldo Storel comenta sua saída da vida pública depois de 12 anos como vereador em Piracicaba

Antonio Oswaldo Storel comenta sua saída da vida pública depois de 12 anos como vereador em Piracicaba

Antonio Oswaldo Storel. Cirurgião-dentista e ex-presidente da APCD-Regional de Piracicaba. São 73 anos de vida destinados ao próximo, seja na odontologia ou na vida pública. Após três mandatos, decidiu afastar-se, em 2008, da vida pública. Ao InformATIVO ele comentou sobre esta experiência.
InformATIVO – Como foi seu início na vida pública ?
Antonio Oswaldo Storel – Em janeiro de 1973, através da mediação do Dr. Gentil Calil Chain, fui convidado assumir a Coordenadoria de Educação, Saúde e Promoção Social do município de Piracicaba. No entusiasmo dos meus 37 anos, mesmo sem experiência na área pública, aceitei o desafio e passei a fazer parte de uma equipe muito boa, tendo o Dr. Gentil como responsável pela área odontológica do município. Conseguimos implantar o Serviço Odontológico Municipal (SOM), com sede na rua Tiradentes, e atendimento descentralizado em algumas entidades assistenciais e um trailer com 2 equipos para a zona rural (escolas).
O trabalho de maior destaque foi no desempenho do cargo de secretário, durante  criação da EMDHAP – Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba. Em 1° de janeiro de 1991, fui nomeado pelo prefeito como primeiro presidente da EMDHAP e me instalei no 1° andar do prédio onde hoje está a Biblioteca e gabinete dos vereadores, para consolidar a empresa. Foi realmente um trabalho dignificante ter conseguido consolidar o órgão que cuidaria de um dos mais sérios problemas sociais da época, o da casa própria e ter conseguido isso com a participação e apoio da grande massa dos necessitados.
Qual sua avaliação desses 12 anos no legislativo municipal?
Quando me candidatei pela 1ª vez à Câmara de Vereadores, em 1996, juntamente com o grupo de pessoas que me apoiava, escolhemos o lema: “Compromisso e missão com a construção da cidadania”. Conhecendo bem o funcionamento do Poder Executivo por ter participado como secretário na gestão do Prefeito Adilson Maluf (73/76) e do Prefeito José Machado (89/92), sabia que teria que adotar um comportamento totalmente diferente no cargo de vereador. Por isso, viver em plenitude o lema adotado desde a 1ª campanha eleitoral, foi um agradável desafio que procurei levar muito a sério durante todos esses anos.
Numa avaliação geral, fazendo uma análise de todo o trabalho desenvolvido, chego a conclusão de que, dentro das limitações estabelecidas na Constituição Federal para as iniciativas de leis para os vereadores, os três mandatos produziram um vasto e diversificado material, tanto no que diz respeito à proposituras, como na fiscalização às ações do Executivo.
Em muitas oportunidades recebi testemunhos de populares agradecidos por ter-lhes mostrado o caminho da cidadania e isso, queiramos ou não, nos traz a agradável sensação do dever cumprido.
Na presidência da Câmara (01/02), tive a oportunidade de deixar à população piracicabana uma nova concepção do Poder Legislativo, com medidas que passaram a trazer o povo para dentro da Casa, com a adequação do Salão Nobre entregue para uso do publico, a instalação da TV Câmara, a reformulação do departamento de comunicação, tudo resumido na frase que passou a fazer parte do logotipo da Câmara: “A FORÇA DA LEI EM SUAS MÃOS”.
Ficou uma dor no coração após tanto tempo dedicado à política?
É claro que 12 anos ininterruptos, representam mais de 4 mil dias comparecendo à Câmara e levando muito a sério os compromissos de vereador,  provocam hábitos em qualquer pessoa. Comigo não foi diferente e ao deixar o cargo, sente-se um certo vazio, que aos poucos vamos preenchendo com outras atividades que aos poucos vou assumindo. Fica, guardada no coração, uma riqueza muito grande, representada pelas amizades construídas em todos os setores da própria Câmara e nos relacionamentos que o mandato nos leva a desenvolver na sociedade como um todo.
E a odontologia? É o momento de retornar?
Sinto-me plenamente realizado com o exercício da odontologia por 42 anos (abril de 59 a janeiro de 2001) em meu consultório, principalmente com o atendimento de crianças. Minha sobrinha, Dra. Elisabeth Cristina Storel que já partilhava o consultório comigo desde sua formatura em 98, deu continuidade ao trabalho profissional, através do qual pude me realizar profissionalmente e construir a minha vida familiar e comunitária. A volta ao exercício da odontologia não está na agenda.
O que faz o Storel em 2009?
Neste início de ano, estou gastando um tempo para cuidar um pouco da saúde, dedicando-me à fisioterapia praticamente todos os dias. Procuro ainda desenvolver os trabalhos junto ao Conselho Nacional do Laicato do Brasil, tanto a nível da Diocese de Piracicaba, como no sub-regional e no regional sul 1.
Política e odontologia atuais: qual o seu ponto de vista?
A política, no sentido mais correto da palavra, a cada dia que vivemos, vamos nos aprofundando mais nela e nos tornamos incapazes de nos isolar dela, pois ela é a vida da sociedade. Hoje, a atividade política está carregada de distorções e a cada dia perde mais a credibilidade popular. Infelizmente ela deixou de ser a arte de construir o bem comum e passou a ser buscada por interesses escusos de pessoas ou grupos que se servem dela ao invés de servi-la. É claro que existem as exceções, com pessoas capazes de honrar sobremaneira o voto dos eleitores.
A odontologia atual é muito diferente dos tempos em que me formei (1958), pois passou por grandes avanços científicos e tecnológicos, inclusive no aspecto preventivo às doenças bucais. Infelizmente tudo isso ainda não foi colocado ao alcance de todos os brasileiros e os serviços especializados e mais sofisticados se restringem aos centros populacionais mais desenvolvidos.
Guardo comigo uma felicidade muito grande por ter sempre participado nas lutas da classe odontológica, desde a fluoretação das águas servidas à população, em 1971, passando pela criação do Serviço Odontológico Municipal, a inclusão do cirurgião dentista no Programa de Saúde da Família, e muitas outras.
Sou profundamente agradecido à população piracicabana que me confiou essa missão tão nobre de exercer o cargo de Vereador, tendo vivido a insigne honra de ter presidido a nossa Casa de Leis, por onde passaram cidadãos dos mais ilustres, como foi o próprio Prudente de Moraes.