Enxertos ósseos: considerações atuais

* Prof. Rafael Ortega Lopes

Com a evolução das técnicas regenerativas frente as possibilidades de tratamento na implantodontia, uma das questões mais pertinentes refere-se a qual enxerto ósseo é considerado o ideal. Sabe-se que todo profissional que realizada cirurgias para instalação de implantes na atualidade não alcança resultados satisfatórios se não dominar técnicas de enxertia de tecido mole e duro, principalmente onde estas são realizadas em quase que 100% dos casos: nas áreas estéticas. As chamadas regenerações teciduais e ósseas guiadas são, portanto, imprescindíveis ferramentas que devem estar no arsenal do cirurgião que realiza implantes.
Mas quando o assunto é enxerto ósseo para reconstrução do rebordo alveolar previamente a instalação de implantes, sabe-se que o osso autógeno (aquele que é retirado do próprio paciente) ainda é considerado o “padrão ouro” de tratamento. Frente a esta afirmação, nós profissionais nos deparamos com a seguinte pergunta dos pacientes: “Doutor, tanto avanço tecnológico e o osso tem que ser retirado de mim?”.
Diante desta e outras perguntas que possam surgir, listei algumas considerações que ainda elegem o osso autógeno como a primeira opção na enxertia em locais onde serão instalados implantes posteriormente. São elas:
1) O osso autógeno é o único a ter o potencial osteogênico, isto é, ele transporta células vivas viáveis para o início do processo de neoformação óssea local. Além disso, ele é osteoindutor (induz células mesenquimais indiferenciadas para participar deste processo) e osteocondutor (função de arcabouço, esta encontrada em praticamente todos os demais tipos de enxertos ósseos).
2) É característica exclusiva a sua total remodelação e substituição por tecido ósseo novo. Este processo ocorre em aproximadamente dois anos, porém o implante é instalado no período de seis meses após a enxertia para que o estímulo precoce mantenha o volume ósseo local (sem perdas substanciais).
3) Sendo seu objetivo a ancoragem de um futuro implante, a longevidade da reabilitação é dependente do fenômeno de osseointegração – união entre titânio e osso vivo – ou seja, osso nativo ou aquele enxertado neoformado pelo processo osteogênico. Isto sugere que muitos implantes instalados em enxertos não autógenos, podem estar ancorados e não osseointegrados. Talvez este item um dos principais motivos pelo qual não podemos nos ceder a apelos comerciais de novos produtos sem casuística clínica conclusiva. Para se pensar.