Dentista e a farmacologia – pouco usada

Os medicamentos não são ferramentas de trabalho apenas em medicina: um arsenal de antibióticos, antiinflamatórios e analgésicos também é utilizado em odontologia. Pesquisa realizada com cirurgiões-dentistas de Belo Horizonte (MG) mostrou que 30% desses profissionais não consideram a farmacologia muito importante na sua carreira, embora 83% deles tivessem prescrito algum remédio para seus pacientes nas duas semanas anteriores ao estudo. A farmacologia é a disciplina que estuda as propriedades dos medicamentos.

Três pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Lia Castilho e Helena Paixão, da Faculdade de Odontologia, e Edson Perini, da Faculdade de Farmácia – aplicaram questionários a cerca de 160 cirurgiões-dentistas com consultório particular na região metropolitana da capital mineira. Metade dos profissionais relatou ter feito algum curso de reciclagem em farmacologia. Contudo, 45% classificaram como insuficiente seu conhecimento nessa área.

Dois em cada cinco cirurgiões-dentistas não anotavam na ficha clínica dos pacientes quais medicamentos haviam sido receitados. Além disso, mais de 25% dos profissionais prescreviam remédios apenas oralmente, o que constitui uma falha grave. “As prescrições não registradas (por escrito) em receituário, bem como aquelas escritas nas quais faltam instruções para o uso do medicamento, como especificações de dose, intervalo e duração do tratamento, podem levar o paciente a utilizar o medicamento por tempo insuficiente ou por períodos demasiados”, alertam os pesquisadores em artigo publicado na Revista de Saúde Pública (volume 33; número 3).

“No caso específico dos antibióticos, este é um problema crucial, pois os mesmos necessitam de um tempo pré-determinado de utilização para evitar que cepas bacterianas resistentes permaneçam no organismo e se proliferem, causando uma infecção muito maior e insensível à ação daquele antibiótico utilizado de forma incorreta”, exemplificam.